quarta-feira, 22 de setembro de 2010
PRIMAVERA CHEGOU
A primavera chegou, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A
inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas
criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar
sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis
acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das
flores
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a
ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e
amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que
não se entende.
Oh! Primaveras, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os
olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os
poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com
vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar
neste mundo cálido, de incessante luz.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que
quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os
pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que
por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se
entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul.
Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que
ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os
manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa
vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo
enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de
chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da
eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.
Bjnhos Com Flores p Você
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Um comentário:
Olá, Fátima, gostei demais de seu BLOG.
Esta postagem que fizera aqui sobre a primavera é muito bonita, pois é essa estação que nos revigora, nos transforma e nos brinda com suas cores e belezas.
Parabéns, amiga!
Fico feliz por compartilhar os seus pensamentos e sentimentos.
Beijos!
*WAL*
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